Segundo informações divulgadas pela Brasscom[1], dados de 2018 indicam que os homens representam 63% dos profissionais no setor de TIC, enquanto as mulheres são apenas 37%. Quando a análise foca no subsetor de software, a disparidade aumenta em cerca de 2 pontos percentuais, e se mostra menor na indústria (hardware e componentes), em que mulheres representam cerca de 45% dos profissionais.
“As mulheres têm maior representatividade em funções Administrativas, de Teleatendimento e Recursos Humanos”, enquanto “há predominância masculina nas funções Técnicas (76,1%) e Diretoria e Gerência (64,9%)” e equilíbrio entre os gêneros nas funções de Vendas, Marketing e Jurídicas, afirma o relatório.
Entre aqueles com deficiência, os homens figuram como 60% da força de trabalho no setor. Negros, pardos e indígenas representam, somados, apenas 30% dos profissionais, dos quais somente 11% dos cargos são ocupados por mulheres.
Além da evidência das disparidades de gênero e raça, os dados destacam a desproporção de acesso ao mercado de trabalho, levando-se em conta de que a população brasileira é majoritariamente feminina e parda. Em análise realizada com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em novembro de 2019, uma mulher negra, por exemplo, precisa trabalhar 55 minutos a mais para receber o mesmo que um homem branco ganha em uma hora, enquanto um homem negro precisa de 45 minutos a mais de trabalho.
A edição especial do relatório de empregos em alta do LinkedIn divulgado em fevereiro de 2021[2], que lista os empregos em alta no Brasil — aqueles que apresentaram maior crescimento e demanda entre abril e outubro de 2020 em comparação ao mesmo período de 2019 —, resultado das transformações em comportamento, consumo e necessidades de negócios como reflexos da pandemia de COVID-19, menciona que em 2020 “a tecnologia apresentou o maior índice de contratações de homens, com 92% das funções de desenvolvedor de web preenchidas por profissionais do sexo masculino.”
A categoria de empregos em tecnologia, dentre as 15 principais listadas como impulsionadoras do mercado de trabalho brasileiro em 2021 pelo relatório, foi a que apresentou as contratações de gênero mais desequilibradas no ano anterior, com apenas 20% de mulheres contratadas. No Marketing Digital, por sua vez, 60% do total de contratações em 2020 foram de mulheres.
Políticas de incentivo e aproveitamento de diversidades são ações que certamente contribuem para suprir a demanda por profissionais qualificados no setor, mas ainda se mostram tímidas e precisam de muito mais investimento e evolução. A transformação digital carece, antes e em primazia, de mudanças de paradigmas culturais equivocados, que atribuem moldes superficiais e estabelecem competências com base apenas no pouco que os olhos são capazes de ver, em geral sem testemunhar de fato.
Referências: